terça-feira, 4 de junho de 2013

Vesgo do diabo;

Ela acordou, mais uma vez, sem ter idéia de que horas eram, mas não se preocupou o seuficiente para levantar da cama. Ficou lá deitada, pensando nos caminhos incertos que ela estava tomando.
Só foi capaz de sair de seu  labirinto de pensamentos quando seu corpo pediu algo: nicotina!
Uma pé na frente do outro. Ainda um pouco embreagada de sono, foi até a sala, abriu a porta e se sentou em frente ao computador. Ela esperava algo. Caralho! Era o último cigarro!
Fatalmente, ela teria que sair do seu mundo e mergulhar raso no mundo físico, e cigarros eram o melhor motivo que se poderia haver! Então ela vestiu a primeira roupa que encontrou jogada pelo chão do quarto e foi... Foi... Mas não foi. Nunca tinha ido! Seus pensamentos eram a armadilha mais traiçoeira. Uma espiadinha só, e de repente estava amarrada dos pés à cabeça!
Vá com calma, criança! Ninguém vai muito longe assim. A cabeça não aguenta.
— Será que eu quero aguentar? — Deu um sorriso de canto de boca.
— Se você tentasse fugir da sua mente com o empenho que foge dos assuntos sérios, talvez conseguisse...
— Você está ficando senil, sabia? Como eu poderia fugir de mim?! — Disse, deixando bem claro quão pouco sentido fazia para ela.
— Não adianta você sair andando... Eu posso estar “senil”, mas ainda posso andar!
— Eu não quero ouvir! Estou cansada disso! Já não me basta toda a bagunça da minha vida? Só o que me faltava era um velho louco, me dando conselhos sem sentido, no meio da rua!
— Pode esperniar o quanto quiser! Eu não vou deixar você cair. — Falou, afetusamente.
— Vesgo do diabo. — Afirmou, enquanto parava no meio da rua e olhava para ele.
Ele franziu as sobrancelhas, procurando o sentido do que acabara de ouvir. Depois sorriu, deixando claro que compreendera.
— Não há como cair, se você está preso... — Explicou, com aquele tom sábio que só os velhos conseguem dar às frases.
— Exatamente!
— Se já sabe em que está, já sabe como se livrar! — Provocou.
— Luz...
Ela começou a entender o que ele queria...
— Luz! Você encontrou a solução, querida! — Disse, tão pacificamente quanto poderia, antes de se virar e sair.
— Espera! Porra! É só isso? Você vem, joga o maior papo... Diz “luz” e vai embora? Que diabos, quer dizer “luz” nessa metáfora?
Ele não estava mais lá... Ele nunca esteve.
— Tenho certeza que vai descobrir!
Ela virou-se, para procurá-lo. Foi quando notou que as pessoas que estavam paradas a alguns metros dali direcionavam-lhe olhares assustados e confusos.
— Velho filho da puta! — Ela xingou baixinho, antes de pôr o capuz da blusa e sair andando como se nada tivesse acontecido, com um sorriso na boca...
Cigarros! Ela se lembrou o que fora fazer...

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Seja feliz como nunca se permitiu;

Erramos. Sim... Erramos muito! Mas o que resta é o aprendizado, e a descoberta de que não fomos feitos um para o outro. Se é que isso existe!
Por mais que tudo parecesse às mil maravilhas para quem estava de fora, só nós sabíamos o que acontecia, realmente na nossa vida. Toda a falta de paciência e o excesso de brigas sem sentido das quais você vivia jogando a culpa em mim.
Talvez a culpa fosse mesmo minha... Mas ninguém briga sozinho, meu bem. A culpa é nossa! Para não dizer que a culpa não é de ninguém, porque não existe culpa em sermos quem somos.
O tempo passou e deixou cada vez mais claro para nós, o quão incompatíveis nós éramos. Demoramos para ver... Demoramos até demais!
O que fica, para mim é o sentimento de dever cumprido; a raiva passageira, que é comum em separações, proveniente da explosão de tudo que foi implodido por muito tempo; o respeito por algumas qualidades ímpares; e o orgulho de ter feito parte do caminho que você está construindo.
Sou um desses pássaros silvestres... Acontece que a gaiola acabou sendo sedutora, então entrei por algum tempo, e quando me dei conta, estava presa.
Foi demais para mim. Não sei viver assim... Aprendi.
Acho mesmo é que você merece coisa bem diferente de mim, um canário, como você.
Fica aqui o meu muito obrigada, pelas experiências, pelo aprendizado e pelos momentos felizes e minhas mais sinceras desculpas pelas grosserias e coisas do tipo.
Só quero dizer que não lamento por ter acabado. Eu lamento por termos sido infelizes pelo tempo que fomos, com medo do fim, nos agarrando a algo que deixara de existir.

Não se perca... De novo.
Eu estarei torcendo por você. Seja feliz! Mas de verdade... Nem tudo que parece felicidade, realmente é. Nem todas as festas são legais e nem todos os sorrisos são verdadeiros.
Seja feliz como nunca se permitiu!


Afetuosamente, Amanda.