sábado, 26 de abril de 2014

Quase Vinte e Dois.

Entre a TV ligada no mudo e o cinzeiro em cima do sofá, eu me recolho na solidão e mergulho na plenitude dos meu pensamentos.
Mais um ano se passou e eu parei por um minuto para pensar em algo... Divaguei um pouco e percebi exatamente o que eu deveria fazer no momento.
A idade bate, os amigos casam, se formam, o role se renova e eu agradeço por estar lá para ver tudo isso e pela oportunidade de poder passar aos mais novos, um pouquinho do que aprendi com os tantos irmãos mais velhos que ganhei quase dez anos atrás.
É hora de agradecer. Por tudo... Pela família imperfeita que eu não troco por nada, pelas oportunidades, pela chance de fazer a diferença na vida das pessoas. Agradeço por ser inteira(!), nunca fui alguém pela metade.
Eu amo MUITO, eu me apaixono MUITO, eu sofro muito também, mas "mar calmo nunca formou bom marinheiro".
Agradeço toda a proteção cujo motivo eu não sei bem, mesmo com todos os erros, tropeços, tombos eu sei que alguém em algum lugar olha por mim e me cobre com seu manto... E me segura em seus braços quando caio.
Agradeço por tantas pessoas especiais, por tantas pessoas queridas que aparecem no meio dos "bicos", por tanta gente de verdade (sem apas!). Por tanta gente que eu sei que pensa em mim e toda a energia boa que, de alguma forma, acaba chegando até mim por uma simples lembrança com carinho de alguém quando lembra de mim.
Agradeço a confiança que me é dispensada e a oportunidade de fazer parte do exército de pessoas que, mesmo com toda a desgraça e mal do mundo, não se rendem e não se perdem com a maioria. Não pagam fogo com fogo porque sabem bem quem são e não abrem mão disso.
Enfim, quase vinte e dois! Pouco?
Aprendi MUITO e aprendo cada dia mais. Não vim para pedir, só tenho a agradecer!

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Esquizofrenia.

Os joelhos doem.
As coisas já não são mais tão fáceis, a empolgação se foi, me deixando a sós com as dúvidas e o desgosto. A revolta causada por tantos motivos inomináveis e concretizados alimenta meus monstros pessoais, que se tornaram mais eu do que eu própria. Me abraçam, me apertam e me sufocam numa tentativa desesperada de alcançar a vida, que foi dada a mim, não a eles. Lá no fundo, escondida, há uma pequena chama, um pequeno pedacinho de eu que ainda crepita, resiste, aquece... Ilumina.
As crepitações são gritos surdos como os de um prisioneiro em uma masmorra que tenta mostrar a alguém, ao mundo, talvez a si mesmo que ainda está vivo, não foi vencido.
Começa a ficar difícil respirar.
Não respirar é como sentir um pedacinho da morte. Os pulmões, cansados, já não são como antes... Os velhos pulmões de vinte e dois anos deterioram-se cada vez mais na minha tentativa falha de preencher o vazio com fumaça.
Os olhos, às vezes, amarelam-se.
Sempre mantenho uma garrafa por perto, pois se nada der certo, a anestesia está acessível. Uns dias são mais difíceis que os outros, ainda que todos eles sejam, em seu específico grau, insuportáveis... Invivíveis.
Sinto meu fígado pedindo socorro, esmagado por coleções gordurosas. Esteatose é uma certeza.
Levo algumas facadas nas costas.
Filtração, reabsorção, secreção, excreção. - Falência renal - Hemodiálise.
Dos males, o menor, vez ou outra descem-me cálculos, dilacerando levemente meu uretér. A genética não ajuda. Mas a urina escurece-se notoriamente, quase alcançando a cor marrom cuja sentença é triste. Falência renal. (sigo rezando)
Estou morrendo! De novo!
De todos os órgãos, o que mais me preocupa é o coração.
Arritmia, angina, infarto, insuficiência cardíaca... Nada disso. O diagnóstico do meu coração é esquizofrenia!
Regido pela loucura, sua atividade favorita é fazer minha face entrar em contato brusco com o chão. Gosta do perigo, gosta de brincar com fogo!
Eu me queimo... Sempre. Tantas vezes que já quase não dói.
Se o coração é esquizofrênico, imagine a dimensão da insanidade da própria mente!
Entende tudo errado, entende tudo como quer, acha que todos são loucos como eu, faz tudo errado!
Primeiro quer, depois não quer, aí quer de novo. E chora, volta atrás, corre atrás, se organiza (na medida do possível), se realoca, se reanima, se transforma, se desespera... Foco!
Organiza - faz acontecer.
Acontece! Aí não quer mais... Para depois querer de novo.
Nessa dança maluca da vida, nunca perde o rebolado, menos ainda a habilidade de se transformar, jogando fora o que já não serve.
Se tem algo que eu não sei, tampouco quero é andar na corda bamba da eutimia.
Quando não há variações, altos e baixos, é porque não há vida.
Tô bem viva!