quarta-feira, 15 de abril de 2009

Custou caro ser assim; fiel companhia solidão.

Algumas decisões são sempre difíceis, como a decisão de como você vai ser. Embora algumas pessoas acreditem que é tudo uma questão de genética, na realidade você escolhe os caminhos pelos quais seguir, você escolhe quem vai ser... Se a genética combina ou não é outra história. Na realidade você não escolhe ser tímida ou não, se vai ser recatada ou transviada, mas é você quem escolhe as companhias, você escolhe entre arroz e macarrão, você escolhe ser do tipo bonzinho, definitivamente atingível e pateticamente inocente (não se engane, esse tipo sempre consegue o que quer), se vai ser tipo normal, tudo normal... Timidez normal, carisma normal, normalmente legal, ou se vai ser o tipo anti-social, que não se importa muito com os outros e não tem dó de ninguém porque afinal ninguém teve muito dó de você enquanto estavam todos se divertindo e você estava num canto sozinho do quintal brincando com o cachorro porque sem muitos motivos eles não te queriam por muito perto.
Bom, eu escolhi. Entre macarrão e arroz eu escolhi sopa, escolhi as companhias que meus pais mais odiavam, não sou exatamente transviada, mas escolhi ser original, escolhi detestar os Beattles (que me perdoem os fãs) porque afinal, era só um bando de nerds com cabelo de menina tocando de um jeito pateticamente estranho (não a qualidade do som, mas a atitude, o modo como se portavam). Escolhi gostar mais de cachorros do que de gente, escolhi ouvir hard core e achar o Wando super estiloso, escolhi me afastar dos outros e crescer sozinha, entre as varias religiões da minha família, escolhi uma auto-educação totalmente laica, escolhi seguir meus princípios e não o que foi escrito por gente que se achava melhor que os outros num livro velho que chamam de sagrado. Dentre todas as pessoas “céticas” como eu, escolhi acreditar em deus, embora não tenha muita idéia de como ele realmente seja (mas sei que não é como a maioria das pessoas imagina... e isso já é um começo bem promissor). Entre todas as roupas de marca o convencionalismo e as lindas propagandas de refrigerantes, escolhi roupas de criação própria, bizarrices e os comerciais mais “trash” da televisão. Entre todos os “amiguinhos” os churrasquinhos do pessoal popular e os almoços de família, escolhi me isolar e crescer com cabeça própria, ainda que isso me traga algum sofrimento, a normalidade me assusta, e ser pateticamente desumana me possibilita fazer loucuras sem que as pessoas fiquem bravas, desde que eu não prometa nada a ninguém. No final das contas você acaba sendo teimoso e enche o saco às vezes, mas é engraçado e de uma forma ou de outra as pessoas gostam de você.
Crescer sozinha, educando a mim mesma doeu, e ainda dói bastante... Marcou, mas eu não seria quem eu sou hoje se não fosse pelas lágrimas derramadas;
Custou caro ser assim, fiel companhia solidão... E toda a dor valerá!

Nenhum comentário: